Marido
de Ideli Salvati foi nomeado para entidade interamericana, com
salário de US$ 7,4 mil; ele atuará
em Washington, onde petista ocupa função na OEA.
(Foto:
Cristina Granato)
Após
a ex-ministra da Secretaria de Relações Institucionais
Ideli Salvatti ser nomeada assessora de Acesso a
Direitos e Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), em
Washington, o governo brasileiro indicou o marido da petista para o
cargo de ajudante da Subsecretaria de Serviços Administrativos e de
Conferências na Junta Interamericana de Defesa, também na capital
americana. As nomeações geraram desconforto na própria OEA, no
Itamaraty e entre militares.
O
segundo-tenente músico do Quadro Auxiliar de Oficiais do Exército,
Jeferson
da Silva Figueiredo, casado com a petista, assume as novas
funções no dia 1.º de outubro. Ele vai exercer o cargo por dois
anos e terá remuneração de US$ 7,4 mil, correspondente a mais de
R$ 30 mil mensais. Figueiredo também recebeu ajuda de custo para sua
ida para os Estados Unidos de cerca de US$ 10 mil, mais de R$ 40 mil.
A
nomeação foi feita antes de o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, ter anunciado o novo corte no Orçamento e severas
restrições de gastos públicos para enfrentar a crise econômica. A
portaria de transferência do marido de Ideli foi assinada no dia 5
de agosto pelo ministro da Defesa, Jaques
Wagner, a pedido da ex-ministra.
Ideli
inicialmente procurou o Exército para pedir a designação do
marido. Mas foi avisada de que essas nomeações passam por um
processo de seleção, onde vários fatores são analisados e que a
Força não dispunha dessa vaga. Ideli, então, recorreu ao ministro
da Defesa, Jaques Wagner, que atendeu seu pedido, e assinou a
portaria avocando o parágrafo único do artigo 1.º do decreto 2.790
de 1998, que dizia que “ao ministro do Estado Maior das Forças
Armadas é delegada competência” para baixar atos relativos aos
militares que servem naquele órgão (OEA) e que, nas Forças, a
prerrogativa é dos comandantes.
Um
mês depois, esse decreto foi revogado e os comandantes perderam essa
prerrogativa, sem serem avisados. Diante da repercussão negativa
entre os militares, o governo foi obrigado a recuar.
Com
a nomeação do Tenente Figueiredo, o Brasil passará a contar com 19
militares na Junta Interamericana de Defesa: 11 oficiais e oito
praças. Conforme o Ministério da Defesa, trabalham na entidade 57
militares e civis de 23 dos 27 Estados-membros. A Junta tem a função
de prestar à OEA “serviços de assessoramento técnico, consultivo
e educativo sobre temas relacionados com assuntos militares e de
Defesa”.
O
tenente Figueiredo, de acordo com a pasta, exercerá atribuições em
funções administrativas. A “missão é do tipo transitória e de
natureza militar”, conforme portaria de designação. A jornada de
trabalho é de 32 horas semanais. O ministério afirma que Figueiredo
“preenche os requisitos necessários para ocupar o cargo”.
No
início do ano passado, o marido da ex-ministra já tinha sido alvo
de uma polêmica. Na época, como subtenente músico, foi designado
para sua primeira missão internacional pelo então ministro da
Defesa,
Celso Amorim, para que fosse à Rússia, por duas
semanas, integrando uma comissão de dez pessoas, para avaliar o
sistema antiaéreo Pantsir-S, que o Exército Brasileiro estava
interessado em comprar. Sua habilitação e formação para a função
foram questionadas para a missão, mas o marido de Ideli explicou que
fora escolhido porque é habilitado no idioma russo.
Apesar
de trabalhar em Washington, Ideli não deverá seguir para Nova York
para se encontrar com a presidente Dilma, que chega nesta
sexta-feira, 25, aos EUA.
O
que é um QAO?
O
Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) foi
criado pelo Decreto Presidencial nº 84.333, de 20 de dezembro de
1979. Seus integrantes destacam-se, essencialmente, pelo termo
“experiência”.
São
ex-praças oriundos de Armas, Quadro e Serviços que,
fruto
de reconhecimento de méritos incontestáveis e
respaldada por destacadas qualidades pessoais e pelo
apego a uma vida que exige espírito de sacerdócio e inabalável
vocação castrense,
são
promovidos ao oficialato, chegando até o posto de capitão.
Os
oficiais QAO exercem diferentes funções em atividade das áreas de
Administração Geral, Material Bélico, Músico, Topógrafo, Serviço
de Saúde e Auxiliar de Estado-Maior Pessoal.
Gazeta
do Povo/Blog
do Capitão
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